Fraudes e inadimplência ameaçam mercado de antecipação de recebíveis

Assessoria – O mercado de antecipação de recebíveis está sob ataque silencioso: fraudes cada vez mais sofisticadas, aumento recorde de inadimplência e falhas crônicas na análise de crédito colocam em risco bilhões em ativos de securitizadoras, FIDCs e empresas de fomento. Você está preparado?

O segmento de antecipação de recebíveis, fundamental para a liquidez das pequenas e médias empresas, enfrenta uma crise silenciosa. Embora em expansão, o mercado sofre com a proliferação de fraudes, inadimplência em patamares alarmantes e fragilidades estruturais nos procedimentos de crédito – especialmente em operações com PMEs.

Principais desafios enfrentados pelo setor:

1. Fraudes cada vez mais frequentes e sofisticadas
O aumento de golpes envolvendo duplicatas falsas, vendas simuladas e contatos fraudulentos resultou em 1,87 milhão de tentativas de fraude no setor financeiro somente no 1º trimestre de 2025. Duplicatas “frias”, cessões múltiplas do mesmo crédito (over-assignment), conluios entre cedentes e funcionários do sacado, e confirmações forjadas via e-mails ou WhatsApps fornecidos pelos próprios fraudadores têm causado prejuízos bilionários.

2. Inadimplência recorde
Com a Selic ainda em patamares elevados e o crédito bancário cada vez mais restrito, a inadimplência entre PMEs atingiu níveis históricos. Milhares de empresas passaram a recorrer ao mercado de recebíveis como alternativa de sobrevivência, mas muitas já estavam financeiramente comprometidas.

Esse quadro também impulsionou o número de recuperações judiciais e extrajudiciais, esta última modalidade agora mais acessíveis às PMEs após a reforma da Lei 11.101/2005, aumentando ainda mais o risco de não pagamento.

3. Falhas nos processos de análise de crédito
Grande parte das perdas decorre da falta de validação eficaz dos recebíveis com os sacados, uso de canais de confirmação fornecidos pelo próprio cedente e ausência de investigações mínimas sobre o histórico judicial das empresas.
Além disso, o crescimento de operações “comissárias” – nas quais o sacado não é notificado e o pagamento ocorre diretamente ao cedente – compromete a segurança jurídica e operacional da antecipação.

O risco não está apenas na operação – está na origem da informação

Muitas dessas fraudes poderiam ser evitadas com rotinas jurídicas simples, mas eficazes. Por exemplo: uma prévia consulta processual pelo CNPJ da empresa cedente ou sacado pode revelar litígios, execuções fiscais, ações como autor que evidenciem dificuldades financeiras ou até fraudes em série.

É cada vez mais comum encontrarmos, já no momento da cobrança judicial, sinais claros de que o crédito jamais deveria ter sido concedido. Empresas com dezenas de protestos, execuções ou envolvidas em fraudes recorrentes são facilmente identificáveis com ferramentas acessíveis – mas ignoradas por pressa ou ausência de análise jurídica na etapa pré-contratual.

A solução? Profissionalização e apoio jurídico especializado
A criação de rotinas mais acuradas de conferência da legalidade dos títulos, confirmação segura com os sacados e estruturação jurídica das operações não pode mais ser vista como um “custo”: é um investimento essencial para evitar perdas irreversíveis.
Advogados especialistas podem auxiliar não apenas na recuperação dos créditos inadimplidos, mas sobretudo na prevenção dos riscos que hoje ameaçam a sustentabilidade do setor.

Autor: André Ricardo Brusamolin
andre@pamplonabrazbrusamolin.com.br
in: andre-ricardo-brusamolin

Foto: Freepik.

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